Por Brian Russell
Tradução Sigma
Já se fazia três semanas que eu não ouvia noticias de David. Nos seis meses que namoramos, ficamos no máximo três dias sem nos falar. Não havia nada fora do comum na ultima vez que o vi, ele tinha mencionado que estava indo verificar uma coisa que um amigo lhe contou. Naquela noite eu ainda recebi um SMS um pouco estranho de David, mas não era de seu número. Era uma mensagem de apenas seis palavras.
“Casa sem
fim, não venha! David.”
Tinha alguma coisa errada. Depois que li esse texto me senti enjoada, como se eu tivesse visto algo que não devia. Eu decidi logar na conta de Messenger dele para ler suas ultimas conversas. As mais recentes era com Peter, um dos seus melhores amigos, um viciado e burro, mas pelo menos ele podia ter algumas informações sobre onde David poderia estar. Assim que entrei, imediatamente recebi mensagens.
- David? Puta merda cara, você me
deixou preocupado. Pensei que tivesse ido para aquela casa.
- O que você quer dizer?
- A casa sem fim, cara, eu podia
jurar que você tinha ido para lá.
Casa sem fim, ess e cara sabia o
que estava acontecendo.
- Pois é... Eu não consegui
encontra-la. Talvez eu tente ir lá amanhã. Me passa o endereço de novo?
- De jeito nenhum! Você já me
preocupou demais, eu estive naquele lugar, acredite em mim, você não vai querer
ir naquele lugar.
- Peter, aqui é a Maggie.
- Espere... O que? Onde está o
David?
- Eu não sei, pensei que você
poderia saber, mas aparentemente não.
- Puta merda! Merda, merda,
merda!
- O que foi? Sério Peter, você
precisa me dizer o que está acontecendo.
- Eu acho que ele entrou naquela
casa. Não é longe, talvez quatro milhas
abaixo, em Terrence. Seguindo a estrada marcada e virar a direita. Puta merda!
Ele se foi!
- Não, eu não acho que ele se
foi.
- O que você está pensando em
fazer?
- Eu vou trazê-lo de volta.
Eu parti para a procura dele na mesma noite em torno das oito. Não havia um único carro em toda viagem, e quando virei para uma rua sem nome, vi uma placa com uma seta.
Eu parti para a procura dele na mesma noite em torno das oito. Não havia um único carro em toda viagem, e quando virei para uma rua sem nome, vi uma placa com uma seta.
“Casa sem fim// Aberto 24 horas”
Minha respiração estava ofegante
desde que saí de casa, e ver a tal casa sem fim não ajudou em nada. Não havia
outros carros ao redor, o que me fez pensar que talvez não estivesse aberto. A
luz da varanda da frente iluminou a área circundante, e pelas janelas se
percebia que as luzes estavam acessas do lado de dentro. Eu estacionei meu
carro e caminhei até a porta da frente.
O lobby era normal, e como eu
previ, não havia ninguém lá. Todas as luzes estavam acesas, mas ninguém estava
lá. Apenas um banner dizendo:
“Quarto
1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!”
Isso por si só não deu medo, mas o que me causou um frio no estomago, foi um rabisco logo abaixo em vermelho escrito à mão:
“Você não
vai conseguir salvá-lo”.
Devo ter ficado no lobby por uma hora. Eu estava congelado. Eu não sabia como continuar. Será que deveria ir até aquela porta? Será que eu deveria chamar a polícia? Depois de ler o aviso eu pensei um pouco mais, eu sou uma garota de estatura baixa e muito fraca, eu não seria a pessoa ideal para lutar contra um possível psicopata que estivesse mantendo o David como refém. Eu decidi chamar que chamar a polícia era a melhor opção, então coloquei a mão no meu bolso e abri meu celular para ligar.
Sem sinal.
A casa devia estar bloqueando o
sinal, ela fica basicamente no meio do nada.
Caminhei em direção à entrada,
imaginando que eu teria sinal do lado de fora. Cheguei à maçaneta, virei e
nada. Eu sacudi com mais força. Ela estava trancada pelo lado de fora. Bati
minhas mãos contra a porta e gritei, mas ninguém podia me ouvir. Eu sabia que
era inútil, não havia ninguém aqui exceto eu.
Então eu senti uma vibração no
meu bolso. Abaixei-me e olhei para meu celular. Uma mensagem não lida. A
princípio eu fiquei feliz por ter sinal, talvez fosse uma mensagem de David que
ele estivesse bem. Era uma mensagem de um número desconhecido, eu pressionei
para ler a mensagem e quase deixei o celular cair.
“Você não pode salvar nem mesmo a
si mesma.”
Meu corpo inteiro estava tremendo. Eu queria sair dessa casa. Eu estava presa lá. Meu celular estava sem serviço em uma sala sem saída. Meus olhos percorreram a casa e pousou na porta do outro lado da sala com um número “1” na frente, parecia como uma porta de hotel.
Meu corpo inteiro estava tremendo. Eu queria sair dessa casa. Eu estava presa lá. Meu celular estava sem serviço em uma sala sem saída. Meus olhos percorreram a casa e pousou na porta do outro lado da sala com um número “1” na frente, parecia como uma porta de hotel.
Eu caminhei até ela.
Eu estava a poucos centímetros e
coloquei meus ouvidos contra a madeira para tentar ouvir. Tudo que eu ouvia era
uma música distante de Halloween. Apenas um instrumental assustador que você
ouviria em qualquer casa mal assombrada falsa. De repente eu fiquei um pouco
mais calma. David sempre foi conhecido por suas pegadinhas. Ele me contava como
sempre ia fundo quando queria pregar alguma peça em alguém nos tempos da
escola. De alguma forma, um sorriso se formou no meu rosto e eu abri a porta
sem medo.
Entrando no primeiro quarto, meus
medos aliviaram ainda mais. O quarto era uma tentativa completamente fracassada
de uma casa mal assombrada. Em casa canto havia um espantalho, mas não chegavam
nem perto de ser assustador. Era do tipo das festas de escola, com grandes
rostos sorridentes. Fantasmas de papel pendurados no teto e um ventilador no
canto. Ao lado de um dos espantalhos, novamente tinha a única porta na sala e
estampado na parte da frente, semelhante à da primeira porta, era um grande
número “2”. Eu ri e caminhei para ela.
Quando eu abri a porta do quarto
“2”, eu não podia enxergar dois palmos à minha frente. Ele foi completamente
preenchido com uma nevoa cinzenta que cheirava a borracha. Imaginei que tinha
alguma maquina de fumaça no quarto que devia estar ligada já há muito tempo e
parecia não haver janelas para toda essa fumaça sair.
Caminhei lentamente para frente e
soltei um gritinho. Eu tinha colidido em linha reta com um grande robô do Jason
Vorhees. Seus olhos brilhavam na cor vermelha e segurava um facão de cima para
baixo como se estivesse fazendo um movimento para atacar alguém. Meu coração
estava disparado e se alguém estivesse comigo eu estaria completamente envergonhada.
Eu cobri minha boca e fiz meu caminho passando pelo Robô do Jason, o nevoeiro
parecia estar aumentando, então eu finalmente avistei na minha frente a porta
para o quarto número “3”. Coloquei minha mão na maçaneta e rapidamente soltei,
ela estava extremamente quente, eu coloquei minha mão na porta de madeira e ela
também estava quente, aproximei meu ouvido para tentar ouvir do outro lado da
porta um incêndio talvez, mas não ouvi nada.
Pensei que era apenas um
aquecimento elétrico proposital. Envolvi a maçaneta com um canto do meu vestido
e virei o mais rápido que pude e me atirei no quarto “3”. Não havia fogo.
Apenas trevas e muito frio.
Esse terceiro quarto não era como
os outros em nenhum aspecto.
Naquele momento, eu sabia que
algo não estava certo. Eu tentei fazer alguma coisa, mas eu não conseguia nem
ver minhas mãos segurando a maçaneta da porta que agora não estava lá. Eu
estava presa. Como se eu tivesse dado meia volta na escuridão, mesmo que eu não
tivesse movido um musculo desde que entrei. Naquele momento, uma luz no teto
acendeu. Um único holofote apontando diretamente para baixo, iluminando uma
pequena mesa, e sobre esta mesa havia uma lanterna.
Mesmo que eu não conseguisse
enxergar nem mesmo o chão onde eu estava pisando, eu segui em direção à mesa
iluminada. Quando peguei a lanterna notei uma pequena etiqueta fixada nela
dizendo.
“Do gerente - Para Maggie”.
No momento em que eu terminei de ler, a luz acima de mim quebrou e outra vez, fiquei no escuro. Eu me atrapalhei com a lanterna por um segundo antes de conseguir liga-la.
No momento em que eu terminei de ler, a luz acima de mim quebrou e outra vez, fiquei no escuro. Eu me atrapalhei com a lanterna por um segundo antes de conseguir liga-la.
Pelo que parecia vir de todas as
direções, um zumbido me cercou. Meu coração estava acelerado e eu comecei a
girar no lugar, lançando a luz da lanterna ao meu redor. Não havia nada no
quarto, mas depois de um tempo notei algo aterrorizante. Poderia ter sido
apenas minha imaginação, mas eu podia ver uma figura sempre fugindo seja lá pra
onde eu apontava a luz. Comecei a entrar em pânico. Fui me afastando da mesa
sem saber para qual direção eu estava indo.
O zumbido foi ficando mais alto e
depois eu comecei a sentir a presença do que quer que fosse que estava
desviando da luz. Minhas mãos tremiam descontroladamente enquanto eu
freneticamente brilhava a lanterna para qualquer direção. Aquilo estava sempre
lá, escapando de volta para a escuridão, mas cada vez mais perto. Meus olhos se
encheram de lágrimas. Eu pensei que iria largar a lanterna por eu tremia muito,
até que eu vi. A luz apontada diretamente para um número “4”. Ele foi escrito
em um pedaço de papel e colado com fita adesiva na porta. Eu corri. Corri o
mais rápido que pude com a lanterna apontada diretamente para minha frente. Eu
podia senti-lo atrás de mim. O zumbido foi ficando mais alto e já podia sentir
uma respiração no meu pescoço. Eu estava correndo e faltavam mais alguns metros
para chegar. Em apenas um movimento eu
peguei a maçaneta, virei e bati a porta atrás de mim.
Eu estava no quarto número “4”.
Eu estava lá fora. Eu não estava
mais na casa. O que me esperava depois de abrir a porta da sala “4” parecia ser
uma caverna. Olhei para o chão e notei algo estranho e perturbador. O chão não
era feito de grama, ou pedra, ou sujeira, eram pisos de madeira. Era o mesmo
piso dos quartos anteriores. Este era o quarto número “4”. De alguma forma eu ainda
estava dentro da casa.
Havia tochas montadas nas paredes rochosas ao meu lado, e para além da caverna estava escuro como o breu. As tochas pareciam que podia ser retiradas da parede por baixo, então caminhei até a mais próxima e retirei para iluminar meu caminho. Meu corpo esta suando, eu fiz meu caminho lentamente para dentro da caverna.
Havia tochas montadas nas paredes rochosas ao meu lado, e para além da caverna estava escuro como o breu. As tochas pareciam que podia ser retiradas da parede por baixo, então caminhei até a mais próxima e retirei para iluminar meu caminho. Meu corpo esta suando, eu fiz meu caminho lentamente para dentro da caverna.
O zumbido se foi, espero que para
sempre. Depois disso não ouvi barulho algum na caverna, apenas uma pequena
brisa. A caverna parecia se estender eternamente, eu já estava andando nela há
horas, até que vi uma luz azul fraca. Eu andei até ela, com cautela, mas um
pouco acelerado. A luz era uma abertura a extremidade do túnel. Eu cheguei ao
fim dessa caverna, mas não havia mais chão adiante, o fim era um penhasco e não
havia outro caminho para seguir. Eu olhei de volta para trás para a caverna de
onde eu vim, eu sabia que não havia volta. Eu fui até a borda do penhasco e
olhei para queda abaixo. Eu senti um calafrio percorrer meu corpo inteiro. O
que eu vi foi um oceano, água ao redor com mais nada a minha vista. Era uma
queda de centenas de metros, com uma formação de rochas.
Meu corpo congelou quando percebi
que as rochas lá embaixo formavam um “5”.
Assustada eu me afastei da borda.
Eu odiava alturas. Eu me afastei até ser barrada por um muro que não estava lá
até pouco tempo atrás; Eu me virei ainda mais assustada com uma visão
aterradora. Não havia mais caverna, eu estava cara a cara com uma parede sólida.
Eu me mantinha dizendo que ainda estava na Casa Sem Fim.
Eu tinha que estar!
É evidente que não havia
montanhas na cidade! Mas parecia tão real.
Olhei novamente para o
precipício. Não podia ser real. Essa casa estava mais confusa agora. Mas o que
ela esperava que eu fizesse agora era demais. Eu sabia o que aquelas rochas lá
em baixo significava. Essa era a entrada para o quarto número “5”, mas não
havia escadas nem nenhum caminho para chegar até lá embaixo. A casa queria que
eu saltasse.
Eu caí no chão me encolhendo. Eu
não podia fazer isso, não conseguiria saltar de um penhasco de centenas de
metros em uma formação rochosa irregular.
Minha mente estava dividia em
duas. Eu sabia que ainda estava dentro da casa, mas tudo que eu via ao meu
redor me dizia o oposto. Eu fiquei lá no chão de madeira por um tempo, naquele
momento eu já tinha perdido toda a noção do tempo.
Depois do que pareceram semanas,
eu finalmente me levantei e fiz meu caminho até a borda do penhasco e olhei
para baixo.
As rochas formando o “5” pareciam
zombar de mim. A casa sabia que eu não conseguiria evitar provocações. Então
aquele zumbido retornou, um zumbido baixo e distante, parecia vir de trás de
mim, ressoando dentro da montanha. Eu não sei o que deu em mim, mas depois de
ouvir esse som, algo dentro de mim se ilumiou.
Eu fechei meus olhos e saltei.
O vento da queda contra meu rosto
prendia meu fôlego e um medo profundo tomou conta de mim.
Eu ia morrer.
Eu ia colidir com as pedras e
morrer.
Elas iam me partir em mil pedaços
e eu ia morrer.
Eu não me atrevi a abrir meus
olhos, apenas continuava caindo desesperada.
O vento forte contra meu rosto
continuava e o zumbido era agora ensurdecedor.
Então tudo acabou.
Eu não estava mais em queda, eu
nunca atingi as pedras. Eu abri meus olhos e olhei em volta. Eu estava de pé
sobre os pisos de madeira familiar da casa. O zumbido se foi e o silêncio tomou
seu lugar. Eu consegui! Eu estava no
quarto “5”. Eu não sei como isso aconteceu, mas eu estava lá. O sentimento de
medo se foi, e eu estava incrivelmente feliz por estar viva.
Depois de alguns momentos me
recompondo e decidi olhar em volta para o resto da sala.
Minha felicidade durou pouco.
O quarto estava vazio, as paredes
combinavam com o chão, e o teto combinava com as paredes, e nas paredes não
havia portas ou janelas. Eu estava em uma caixa selada.
Eu não sabia como cheguei aqui,
mas não havia forma de sair!
Naquele momento eu me perguntei se David tinha estado nesta sala, eu me perguntei se ele tinha saltado do penhasco e acabou nessa sala. E se ele fez, significa que ele conseguiu sair. Ele não estava aqui, eu estava sozinha. Ele conseguiu sair e eu faria o mesmo.
O pensamento de que David conseguiu escapar era minha única fonte de confiança que encontrei. Eu estava indo para encontrar um jeito de sair dessa sala, encontrar David e tira-lo para fora daqui. Eu andei por todo quarto, perímetro por perímetro passando minhas mãos pelas paredes para sentir qualquer coisa diferente que pudesse revelar a saída.
Nada.
As paredes eram impecáveis,
apenas alguns arranhões, mas nada de uma passagem secreta. Comecei a bater em
alguns lugares aleatórios nas paredes, Mas tudo era completamente sólido. A
confiança começou a diminuir, eu estava começando a ficar sem ideias.
E foi ai que ela falou comigo.
- Maggie, você não deveria ter
vindo aqui, Maggie.
Minha pele quase saltou de mim se
fosse possível. Eu ainda estava de frente para a parede e a voz tinha vindo do
meio da sala. Era uma voz de uma garotinha, pelo menos era o que parecia.
Eu me virei lentamente.
Eu estava certo, era uma menina
loira, não mais que sete anos de idade, com os olhos azuis e um longo vestido
branco. Ela sorriu para mim e falou novamente.
- Mas agora que você está aqui, vamos jogar um jogo.
Havia algo horrível sobre aquela menina. Ela não era assustadora como aquelas garotas de filmes de terror japoneses, ela parecia completamente normal. Se eu a visse na rua passaria despercebido. Mas olhando em seus olhos, senti um terror completo. Saltar do penhasco foi assustador, mas eu pularia de vinte vezes mais alto do que ficar sendo encarada por um minuto com aquele olhar em seus olhos sem alma. Depois de um momento de olhar, eu finalmente falei.
- Que jogo? Quem é você? – Eu
murmurei.
- Se você perder, você morre.
- E se eu ganhar?
- Ele morre.
Meu coração se afundou, eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo, mas eu sabia que ela estava dizendo a verdade.
Meu coração se afundou, eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo, mas eu sabia que ela estava dizendo a verdade.
- O que vai ser? – Ela sorriu
- Nada – Eu não sei onde encontrei coragem para responder esta criança demônio, mas eu não vim de tão longe simplesmente para deixar David morrer, e se eu morresse tudo isso foi em vão.
- Nada – Eu não sei onde encontrei coragem para responder esta criança demônio, mas eu não vim de tão longe simplesmente para deixar David morrer, e se eu morresse tudo isso foi em vão.
Eu escolhi não jogar.
Mas então eu vi.
A razão pela qual a menina me
aterrorizava. Ela era mais do que uma criança. Olhando para ela, eu também vi o
que parecia ser um homem grande coberto de fumaça, com a cabeça de um carneiro.
Era uma visão horrível. Eu não podia ver um sem deixar de ver o outro. A menina
ficou a frente de mim, mas eu sabia qual era sua verdadeira forma.
Foi a pior visão que eu já tinha
visto.
- Péssima escolha – E com isso
ela se foi.
Eu estava sozinha novamente em
uma sala vazia e silenciosa. Só que dessa vez algo foi adicionado. Uma pequena
mesa apareceu do nada, como se estivesse lá o tempo todo. Havia algo sobre ela,
mas eu não podia ver de onde eu estava. Fui até a mesa e olhei par ao pequeno
objeto.
Era uma pequena navalha, como uma
que você encontraria em um estilete. Estendi a mão e pequei então um grito saiu
de minha boca.
Quando estiquei minha mão, vi
algo que nunca existiu antes. Havia uma marca no meu pulso, parecia uma
tatuagem verdadeira com um único número “6”. Eu olhei de volta para a navalha e
notei uma etiqueta fixada nela dizendo:
Do Gerente - Para Maggie
*Pensei que precisaria disso*
Depois de ler a nota, eu comecei a chorar incontrolavelmente. Lágrimas pesadas corriam pelo meu rosto de uma forma que nunca aconteceu em toda minha vida.
Eu caí no chão, permaneci lá por
horas chorando. Não sabia mais se se tratava sobre David ou sobre me manter
viva, não havia mais portas nessa sala, eu ainda estava presa. Mas ainda não
era por isso que eu estava triste. Eu estava em depressão mais profunda
possível. Completa depressão sem emoção. Eu me sentia vazia, e arranhei meu
caminho até a mesa. Meus olhos caíram sobre a navalha, eu a peguei.
Eu ia me matar! Eu não podia
lidar mais com isso! David provavelmente já estava morto! Eu estava presa aqui!
Este era o fim!
Eu pressionei a lâmina contra meu
pulso, logo acima do “6” que tinha aparecido na minha pela. Meus soluços
voltaram, e eu fiquei sobre aquela dor agoniante e chorando coma a navalha
pressionando contra meu pulso. David estava morto, e eu estava prestes a
morrer. Nada mais importava e com um corte profundo eu estaquei a lâmina no
braço.
Imediatamente após o corte no meu
pulso, eu já não estava no quarto “5” e eu não morri. A depressão foi embora, mas
eu não estava feliz. Lágrimas ainda escorriam pelo meu rosto. O quarto que eu
estava era semelhante ao anterior e novamente não havia portas. Não havia
qualquer lâmpada, mas de alguma forma que era capaz de ver tudo com clareza. O
quarto estava completamente vazio, mas antes que eu tivesse tempo de pensar no
que fazer em seguida, ele ficou escuro e o zumbido de antes voltou. Tapei meus
ouvidos em protesto, era mais alto do que jamais foi, mas acabou em um momento
e as luzes voltaram, só que desta vez algo foi adicionado ao quarto.
E então eu gritei.
Lá no meio da sala, amarrado por
correntes, completamente nu estava David.
Parecia que ele foi torturado,
cheio de marcas de facadas no peito e braços.
-DAVID! – Eu corri até ele o mais rápido que pude.
Ele estava consciente, eu vi seu
peito se encher e esvaziar, ele estava respirando, mas não estava falando. E
foi ai que eu vi o que estava gravado em seu peito.
Eu caí de joelhos quando vi.
Um “7” olhou para mim como se
tivesse olhos.
Ouvi David tentar falar, e fui
até mais perto do que conseguia.
- David! Davi, você pode me
ouvir?!
- Maggie... O que você tá... O
que você tá fazendo aqui? – Sua voz era suave, mas ele estava falando e eu era
grata por isso.
- David! Estou tentando salvá-lo.
Como posso te soltar? – Olhei ao redor da sala para tentar encontrar qualquer
tipo de chave, mas tudo que encontrei foi uma faca pelos cantos. O metal era
muito grosso, era uma faca mortal. Voltei para David, parecia que ele estava à
beira da morte, então senti meu bolso vibrar. Eu me assustei e peguei o
telefone no meu bolso. Como eu suspeitava uma mensagem não lida. Eu abri a
mensagem que dizia:
“Este não sou eu.”.
Eu não sabia o que pensar. David
estava bem ali na minha frente, mas essa mensagem veio do mesmo número que me
contatou. É da primeira mensagem que recebi onde David mencionou sobre a Casa
Sem Fim.
- Maggie... – Eu ouvi a voz dele claramente com meus ouvidos. Parecia que a voz vinha de todos os lados. – Maggie... Você tem que ir em frente.
- Maggie... – Eu ouvi a voz dele claramente com meus ouvidos. Parecia que a voz vinha de todos os lados. – Maggie... Você tem que ir em frente.
- O que você está falando? Como?
– Eu estava cara a cara com David, ou quem quer que fosse acorrentado ali.
- Essa faca... – Ele fez um leve
movimento com a cabeça em direção ao canto. – Vá buscá-la. – Eu corri e
imediatamente voltei com a faca apertada em minhas mãos. Eu não tinha ideia do
que estava acontecendo, mas eu precisava salvá-lo e faria alguma coisa...
- Agora me esfaqueie no peito.
- O que? – Fiquei chocado. David
pendurado ali, olhando diretamente nos meus olhos.
- Você tem que enfiar essa faca
no meio desse “7” em meio peito. É a única maneira de nós dois nos salvar.
- Não... - Eu tropecei para trás
– Não, o que você está dizendo não faz nenhum sentindo!
- Maggie! – Ele estava gritando
agora, seus olhos parecia frenéticos, o lado de sua boca se curvou em um
sorriso torcido. – Maggie, me apunhalar agora é o único caminho!
Olhei para a faca na minha mão,
minha cabeça parecia como se tivesse sito atingida por um bastão. Eu estava
perdida completamente. Eu apertei meus olhos fechados e senti a faca na minha
mão.
- MAGGIE! – E com o grito e um
impulso esfaqueei o peito de David.
Eu não sei o que deu em mim, eu
só aceitei que era a única maneira.
Abri meus olhos e vi o rosto
dele.
Ele estava apavorado.
Lágrimas deslizavam por suas
bochechas e David me olhou nos olhos.
- Por que... Você... Fez isso...?
Ele não podia me enganar. Eu sei que não era David. Não podia ser!
Ele não podia me enganar. Eu sei que não era David. Não podia ser!
Seus olhos rolaram para trás
quando morreu, mas foi ai que ele mudou. O “7” em seu peito se foi, o sangue
escorria no chão formando uma piscina abaixo de mim. O líquido vermelho se
estendendo em todas as direções, o círculo quase encheu a sala, e eu comecei a
afundar. Tentei me mover, mas não conseguia. Era como areia movediça. O sangue
estava até meus joelhos agora, Quanto mais eu tentava lutar, mais eu afundava.
Estava até meu peito agora. O corpo sem vida de David estava pendurado acima de
mim, sorrindo. O sangue chegou ao meu pescoço, eu estava apavorada e em pouco
tempo submersa e caí na escuridão.
Quando acordei, eu estava fora da
casa. Eu podia sentir a terra fria abaixo de mim.
Eu rolei para trás e olhei o céu
noturno. A Casa Sem Fim erguia acima de mim, com meu carro estacionado no mesmo
lugar que eu deixei. Eu não tinha certeza se deveria rir ou chorar. Eu estava
fora. Levantei-me espanando minhas calças. Meu corpo ainda estava tremendo
enquanto em caminhava para meu carro, mas um sentimento de mal-estar tomou
conta de mim.
Não havia maneira de eu ter escapado.
A casa não iria me deixar ir. Algo não estava certo. Eu sabia. Eu sabia que não
matei David no quarto “6”. Eu sabia que não fiz isso. Mas eu ainda não sabia
onde encontrar ele. Abaixei-me para o meu bolso e peguei meu celular. Não havia
mensagens não lidas. Mas tinha sinal. Eu abri e comecei a escrever uma mensagem
para David.
“Onde você esta?”, Dentro de um segundo após enviá-la eu recebi uma resposta. Eu pressionei para ler animadamente.
“Quarto ‘10’, você está no ‘7’” –
Então o zumbido ensurdecedor retornou.
Eu saí correndo. Eu não sabia
para onde estava indo, mas eu sabia que não estava lá fora. Eu ainda estava na
casa. O zumbido sacudiu tudo ao meu redor. Ele balançou as arvores e o próprio
ar. Eu precisava encontrar um “8”, eu precisava encontrar a próxima sala. Era
minha única chance! Eu precisava encontrar o quarto número “8”. Os primeiros
quartos eram óbvios, mas quanto mais eu progredia, menos claro eram onde ficava
a porta para o próximo. Agora eu não fazia ideia do que eu estava procurando,
eu só tinha meu celular. Eu precisava encontrar um “8”, precisava encontrar um
“8”, precisava encontrar um...
*Uma mensagem não lida*
“Seu endereço”.
*Uma mensagem não lida*
“Seu endereço”.
Que diabos ele quis dizer? O meu
endereço? Enfiei meu telefone de volta no meu bolso, o zumbido foi crescendo
cada vez mais alto. E foi ai que me toquei. O meu endereço, O meu endereço, O
meu endereço...
Condomínio Florestal, 4896...
Não podia ser. Não podia Ser.
Oitavo andar.
Entrei no meu quarto e bati a
porta. O zumbido sacudiu o metal do carro e parecia me seguir para dentro. Eu
fiz o caminho para meu apartamento.
Nada disso fazia sentido. Como o
quarto número “8” podia ser meu apartamento? Devo ainda confiar nessa mensagem?
Ela foi enviada por David, eu sei que foi. Não havia razão para não confiar
nele. Demorou pouco tempo para chegar. Eu me atrapalhei com as chaves e fiz meu
caminho para as escadas já que o elevador estava em manutenção. Este condomínio
era enorme, subi o mais rápido que pude, passei o quarto andar, o quinto, minha
cabeça estava girando, essa noite foi pesada, passei o sexto, quanto mais eu me
aproximava mais longe o zumbido parecia ficar, quando cheguei ao sétimo andar
eu mal podia ouvi-lo mais. E quando parei em frente meu andar estava
completamente silencioso. Eu estava de pé ao meu apartamento. O pequeno “8”
estava ao nível dos meus olhos. Estendi a mão na maçaneta e lentamente deslizei
minha chave, a porta se abriu e eu fui sugado como um vácuo, a porta se bateu
atrás de mim.
Quarto número “8”, me levantei do chão e olhei em volta. Ele era idêntico ao meu apartamento. Se eu não soubesse das armadilhas da Casa Sem Fim, eu teria jurado que estava em casa e que tudo foi um sonho ruim. Meus pensamentos eram sobre David, e me perguntei o que o quarto “8” foi para ele, o que a casa lhe mostrou?
Quarto número “8”, me levantei do chão e olhei em volta. Ele era idêntico ao meu apartamento. Se eu não soubesse das armadilhas da Casa Sem Fim, eu teria jurado que estava em casa e que tudo foi um sonho ruim. Meus pensamentos eram sobre David, e me perguntei o que o quarto “8” foi para ele, o que a casa lhe mostrou?
Eu andava e estudava a área.
Literalmente, tudo estava como eu deixei, até metade da comida chinesa ao lado
da pia. Olhei para minha mesa de computador, O MSN ainda estava aberto. Fui até
lá e me sentei em frente dele, percorrendo minha conversa com Peter. Olhei lá,
palavra por palavra. A casa sabia de tudo isso. Para ser honesto, eu fiz o
possível para não pensar sobre isso, a resposta, sem duvida era melhor eu não
saber. Eu tentei clicar fora da janela do MSN, mas não deixava. O computador
travou. Tentei minimizar, Nada. Tentei Ctrl+Alt+Del, Nada. Tirei o computador
da tomada, Nada. Eu olhei para a lista de pessoas na conversa e havia dois
nomes; Maggie e Gerente. O ícone de Web Cam estava verde, mas tudo que mostrava
era uma parede cinza. Em seguida uma mensagem do gerente apareceu como
notificação.
- Espero que tudo esteja como
você deixou :)
- Quem é você? – Respondi.
- Aproveite o show :) – E com
isso a câmera ligou. A câmera focou em um jovem amarrado a uma mesa de
cirurgia. Ele estava completamente nu e chorando baixinho para si mesmo. A
imagem não era clara, mas eu pensei reconhecer o homem deitado ali. Ele tinha
cabelo curto, marrom, era alto e uma pele pálida.
- Isto é o que acontece quando as
pessoas tentam me enganar :)
Foi quando eu me dei conta de
quem era. Amarrado à mesa cirúrgica era Peter Terry. E ele não estava sozinho.
Eu não quero descrever o que vi
naquele momento. Os gritos, os sons que Peter faziam eram diferentes que tudo
que já ouvi de um ser humano. Eu não conseguia desviar o olhar. Eu queria, mas
acho que era o poder daquele quarto, eu não conseguia desviar o olhar. Peter
soltou um último grito de gelar a alma, mas eu não ouvi através das caixas de
som do computador, o som vinha do meu quarto.
Meu coração afundou quando me
virei em direção ao corredor. Eu me levantei da cadeira e ainda podia ouvir os
gritos que emanavam enquanto caminhava em direção a sua fonte. Cheguei à porta
do meu quarto e os gritos agora foram substituídos pelo zumbido. Abri a porta
devagar, eu vi dentro do meu quarto um notebook, a mesa cirúrgica com o que
restava de Peter Terry espalhado pelos cantos. Mas ninguém mais estava lá. Mas
um arrepio me percorreu de volta. Uma porta que não havia antes aqui com uma
placa escrito “Administração”. Andei mais perto da mesa, o cheiro era horrível
e dei o melhor de mim para não vomitar. Eu sabia que estava chegando ao fim.
Olhei ao redor da sala. Em algum lugar aqui era a entrada para o próximo
quarto. Tinha que ser. E foi mais simples do que eu esperava. Na mesma porta
com a placa de Administração, um “9” se formou com as entranhas e do Peter
Terry.
Eu me senti mal por Peter, mas eu
tinha ido ao inferno naquela noite. Andei direto, passei pela mesa, peguei um
bisturi longo e não dei nem uma segunda olhada para o corpo. A última porta
estava lá e eu caminhei até ela. Esta noite estava prestes a terminar e eu
sairia daqui junto com David. A porta se abriu com facilidade e eu atravessei.
Eu vi o que estava esperando por
mim.
Era uma sala vazia, se
assemelhava a uma sala de espera de um consultório médico. Havia algumas
cadeiras que revestem os cantos das paredes e algumas revistas velhas no canto.
Do outro lado da sala, no lado
oposto de onde entrei, havia uma única porta. Meu coração afundou quando li o
rotulo impresso na madeira. Não era um número. Era uma única palavra.
“GERENTE”
Eu apertei o bisturi na mão.
- Tudo bem, eu estou me fudendo
para que isso termine logo.
Eles estariam do outro lado da porta. Eu podia sentir isso. E David estaria lá!
Eles estariam do outro lado da porta. Eu podia sentir isso. E David estaria lá!
O zumbido era mais alto do que
nunca antes. Eu podia senti-lo dentro de mim e ficava ainda mais alto enquanto
eu caminhava e quando coloquei a mão na maçaneta tudo se silenciou novamente.
Virei a maçaneta e abri a porta. A sala de espera não era para nenhum
consultório. Era o lobby. A entrada da casa, onde todo esse inferno começou. Só
que desta vez, havia alguém atrás do balcão.
Meu coração pulou para fora do
meu peito quando vi quem era.
Era Petter Terry.
- Olá Maggie.
- Peter? – Não, não era possível
– Como? Por quê?
- O que você estava esperando? Um
fantasma? Satanás? Alguma garotinha assustadora? – Ele estava sorrindo.
- Que merda está acontecendo
aqui?
- Maggie. Vamos; Basta você
pensar por dois segundos. Quem foi que disse para o David sobre este lugar?
- Você... Não...
- Quem lhe contou sobre o
paradeiro de David aqui?
- Maldição Peter! Ele era seu
amigo!
- Eu sinto muito Maggie, mas é
assim que funcionam os negócios aqui.
-Onde ele está? Onde ele está?
- Ele está aqui com a gente na
casa Maggie. E ele não vai a lugar nenhum. E nem você.
Eu não sei o que deu em mim, mas
eu perdi o controle, eu pulei no balcão e empurrei Peter no chão. Peguei a
cabeça dele e bati com força no chão de depois atravessei seu pescoço com o
bisturi. Eu queria mata-lo. Eu tinha que mata-lo. Ele matou David. Eu não
deixaria ele me matar.
- Maggie, você não pode. Sempre
haverá alguém para administrar a Casa.
- Não! – Enfiei a faca na
garganta e bati novamente a cabeça dele no chão. – Não haverá mais!
Ele morreu então a sala ficou
escura, mas eu ainda podia sentir o bisturi me minhas mãos e a cabeça dele no
chão. Não sei quanto tempo eu e o corpo dele ficamos na escuridão, mas pareceu
muito tempo.
Me levantei, segurando na mesa
para me equilibrar. Em seguida as luzes se acenderam. Eu podia ver as janelas
em todas as salas, ainda era noite.
Olhei por uma janela e vi David,
ele estava andando do lado de fora, aparentemente ileso.
Corri para a porta e tentei
abri-la, eu estava tão feliz.
Mas a porta não abria. Eu dei o
meu melhor, mas a porta não me deixava sair.
Olhei por uma janela e vi David
quando ele começou a caminhar pela estrada de terra. Eu descansei minha cabeça
pela porta e vi.
Meu estomago embrulhou.
Meu coração gelou.
Todos os pelos do meu corpo se
arrepiaram.
Lá, preso ao peito dele estava um
crachá de identificação, com uma única palavra.
GERENTE.
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